30/06/2025

NOTAS SOBRE CONJUNTURA E ESTRUTURA ECONÔMICAS BRASILEIRAS - Nota 1 – PIB – Produto Interno Bruto

9 de junho de 2025

Conceitos

O título desta nota contém palavras ouvidas e lidas a cada instante, quando se trata de focar a produção de bens e serviços e distribuição dos resultados da produção entre os indivíduos pertencentes às classes sociais. Estes podem ser proprietárias dos meios de produzir (“capitalistas”) ou membros da força-de-trabalho, os “trabalhadores”, usando-se a divisão já secular das classes sociais. Nas últimas décadas, estes que ofertam a força de trabalho também começaram a representar formas coletivas de propriedade, como cooperativas, ou iniciativas autônomas de organização da produção, não assalariadas.

Exemplos desses temas encontram-se no noticiário sobre o desempenho do PIB (Produto Interno Bruto), que se refere ao resultado, em termos de quantidade e valor de todos os bens e serviços, a cada período. Este pode ser do último trimestre conhecido ou resultado acumulado desde o mesmo trimestre do último ano; ou do comportamento dessa variável ao longo dos anos.

É claro que isto é matéria complexa e cabe exemplificar sobre componentes do PIB, explícitos em seu conceito, simples ou não. Bens e serviços referem-se aos valores de toda a produção nacional no período, mas, num primeiro modo de aferição, apenas aos bens finais, pois não faria sentido, por exemplo, somar os valores da produção de grão de trigo, da farinha deste e dos pães, bolachas, bolos e quaisquer outros produtos derivados da farinha do trigo. Seria “dupla contagem”. Então, em um modo de aferição, se somam os valores dos bens finais – os consumidos pelos indivíduos e famílias, ou seja, os pães, bolachas etc. – além dos chamados bens de capital e até aumento de estoque se ocorrer; ou se somam os acréscimos de valor da produção em cada etapa da cadeia produtiva: o valor do trigo, mais o valor da farinha (subtraído o valor do trigo), mais o valor dos produtos derivados (subtraído o valor da farinha). Essa soma é referida como o valor agregado e é equivalente ao PIB. Um último componente do PIB é a diferença positiva entre as transações com os demais países. Ocorrem neste caso vendas de bens e serviços superiores às compras. Essa é a razão da importância atribuída à expansão dos negócios com outros países; mas é fundamental que as vendas não se limitem a produtos “primários”, ou seja, é preciso que resultem de processos industriais, pois significam mais geração de valor agregado a partir do domínio de tecnologias mais eficientes, pois resultantes de maior educação e mais pesquisas.

O aumento do PIB é a forma como se apresenta o aumento do bem-estar da sociedade, embora se torne indesejável se não for acompanhado de distribuição entre todos os indivíduos e, preferencialmente, de forma a reduzir constantemente a desigualdade existente entre as classes sociais considerados os níveis de renda.

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Comportamento do PIB na atual conjuntura

Com relação ao conceito tomado hoje (5/jun/2025), o PIB, reflete de forma sintética a evolução da economia. Esta palavra foca nas atividades humanas de produção de bens e serviços e corresponde, ao mesmo tempo, a distribuição da renda envolvida: pagamento de salários, de lucros, na forma de dividendos, outras rendas relacionadas com o patrimônio e os impostos.

As últimas informações de que dispomos hoje, produzidas pelo IBGE e IPEA, são as seguintes, destacando-se os indicadores mais significativos, relativos ao primeiro trimestre de 2025. Colocam-se aspas nos textos da Carta de Conjuntura do IPEA, datada de 5 de junho do corrente mês de junho, mas as observações e os grifos são nossos (ver publicação do IPEA em https://www.ipea.gov.br/.../desempenho-do-pib-primeiro.../):

a) “Segundo divulgação do IBGE, o PIB registrou crescimento de 1,4% no primeiro trimestre de 2025 em relação ao trimestre imediatamente anterior, considerando a série dessazonalizada” (observação: “dessazonalizada” significa o tratamento estatístico dos dados mensais que retira os efeitos - como, por exemplo, o das estações do ano - sobre os movimentos comerciais das atividades do turismo).

b) “Mais do que a forte aceleração em relação ao avanço de apenas 0,1% nos últimos três meses do ano passado, esta foi a décima quinta variação positiva seguida na série com ajuste sazonal... Com isso, o crescimento acumulado em quatro trimestres acelerou pelo quarto período consecutivo, aumentando de 3,4% para 3,5%”...

“Embora o cenário macroeconômico brasileiro não tenha sofrido grandes alterações em relação ao final do ano passado, e siga negativamente influenciado pelo ciclo de aperto da política monetária e por incertezas globais, a resiliência do mercado de trabalho, juntamente com o impacto do salário-mínimo, e as transferências públicas de assistência e previdência, mantiveram a demanda doméstica aquecida. Além disso, a forte contribuição positiva da agropecuária, pelo lado da produção, ajuda a explicar a aceleração do ritmo de crescimento do PIB no primeiro trimestre de 2025”.

Esses indicadores sintéticos confirmam a recuperação da economia brasileira que vem sendo observada nos últimos três anos. Recuperação animadora, ainda que lenta, ao mesmo tempo que preocupante, enquanto não acompanhada de medidas redistribuidoras de renda e patrimônio, em razão da baixa representação das classes de renda média e baixa no Congresso Nacional e nas Câmaras Estaduais e Municipais.

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