9 de junho de 2025
Conceitos
O título
desta nota contém palavras ouvidas e lidas a cada instante, quando se trata de
focar a produção de bens e serviços e distribuição dos resultados da produção
entre os indivíduos pertencentes às classes sociais. Estes podem ser
proprietárias dos meios de produzir (“capitalistas”) ou membros da
força-de-trabalho, os “trabalhadores”, usando-se a divisão já secular das
classes sociais. Nas últimas décadas, estes que ofertam a força de trabalho
também começaram a representar formas coletivas de propriedade, como
cooperativas, ou iniciativas autônomas de organização da produção, não
assalariadas.
Exemplos
desses temas encontram-se no noticiário sobre o desempenho do PIB (Produto
Interno Bruto), que se refere ao resultado, em termos de quantidade e valor de
todos os bens e serviços, a cada período. Este pode ser do último trimestre
conhecido ou resultado acumulado desde o mesmo trimestre do último ano; ou do
comportamento dessa variável ao longo dos anos.
É claro
que isto é matéria complexa e cabe exemplificar sobre componentes do PIB,
explícitos em seu conceito, simples ou não. Bens e serviços referem-se aos
valores de toda a produção nacional no período, mas, num primeiro modo de
aferição, apenas aos bens finais, pois não faria sentido, por exemplo, somar os
valores da produção de grão de trigo, da farinha deste e dos pães, bolachas,
bolos e quaisquer outros produtos derivados da farinha do trigo. Seria “dupla
contagem”. Então, em um modo de aferição, se somam os valores dos bens finais –
os consumidos pelos indivíduos e famílias, ou seja, os pães, bolachas etc. –
além dos chamados bens de capital e até aumento de estoque se ocorrer; ou se
somam os acréscimos de valor da produção em cada etapa da cadeia produtiva: o
valor do trigo, mais o valor da farinha (subtraído o valor do trigo), mais o
valor dos produtos derivados (subtraído o valor da farinha). Essa soma é
referida como o valor agregado e é equivalente ao PIB. Um último componente do
PIB é a diferença positiva entre as transações com os demais países. Ocorrem
neste caso vendas de bens e serviços superiores às compras. Essa é a razão da
importância atribuída à expansão dos negócios com outros países; mas é
fundamental que as vendas não se limitem a produtos “primários”, ou seja, é
preciso que resultem de processos industriais, pois significam mais geração de
valor agregado a partir do domínio de tecnologias mais eficientes, pois
resultantes de maior educação e mais pesquisas.
O aumento
do PIB é a forma como se apresenta o aumento do bem-estar da sociedade, embora
se torne indesejável se não for acompanhado de distribuição entre todos os
indivíduos e, preferencialmente, de forma a reduzir constantemente a
desigualdade existente entre as classes sociais considerados os níveis de
renda.
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Comportamento
do PIB na atual conjuntura
Com
relação ao conceito tomado hoje (5/jun/2025), o PIB, reflete de forma sintética
a evolução da economia. Esta palavra foca nas atividades humanas de produção de
bens e serviços e corresponde, ao mesmo tempo, a distribuição da renda
envolvida: pagamento de salários, de lucros, na forma de dividendos, outras
rendas relacionadas com o patrimônio e os impostos.
As últimas
informações de que dispomos hoje, produzidas pelo IBGE e IPEA, são as
seguintes, destacando-se os indicadores mais significativos, relativos ao
primeiro trimestre de 2025. Colocam-se aspas nos textos da Carta de Conjuntura
do IPEA, datada de 5 de junho do corrente mês de junho, mas as observações e os
grifos são nossos (ver publicação do IPEA em https://www.ipea.gov.br/.../desempenho-do-pib-primeiro.../):
a)
“Segundo divulgação do IBGE, o PIB registrou crescimento de 1,4% no primeiro
trimestre de 2025 em relação ao trimestre imediatamente anterior, considerando
a série dessazonalizada” (observação: “dessazonalizada” significa o tratamento
estatístico dos dados mensais que retira os efeitos - como, por exemplo, o das
estações do ano - sobre os movimentos comerciais das atividades do turismo).
b) “Mais
do que a forte aceleração em relação ao avanço de apenas 0,1% nos últimos três
meses do ano passado, esta foi a décima quinta variação positiva seguida na
série com ajuste sazonal... Com isso, o crescimento acumulado em quatro
trimestres acelerou pelo quarto período consecutivo, aumentando de 3,4% para
3,5%”...
“Embora o
cenário macroeconômico brasileiro não tenha sofrido grandes alterações em
relação ao final do ano passado, e siga negativamente influenciado pelo ciclo
de aperto da política monetária e por incertezas globais, a resiliência do
mercado de trabalho, juntamente com o impacto do salário-mínimo, e as
transferências públicas de assistência e previdência, mantiveram a demanda
doméstica aquecida. Além disso, a forte contribuição positiva da agropecuária,
pelo lado da produção, ajuda a explicar a aceleração do ritmo de crescimento do
PIB no primeiro trimestre de 2025”.
Esses
indicadores sintéticos confirmam a recuperação da economia brasileira que vem
sendo observada nos últimos três anos. Recuperação animadora, ainda que lenta,
ao mesmo tempo que preocupante, enquanto não acompanhada de medidas
redistribuidoras de renda e patrimônio, em razão da baixa representação das
classes de renda média e baixa no Congresso Nacional e nas Câmaras Estaduais e
Municipais.
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