As relações do Brasil com o exterior: nós e o centro do furacão
13/09/2025 (mês
de mais um aniversário da nossa independência do Reino de Portugal e mais um
mês de afirmação de nossa SOBERANIA)
Conceitos básicos:
relações do país com o exterior por meio de compra e venda de bens e
serviços e da movimentação de capitais, especialmente os de entrada para
investimentos diretos, na construção de infraestrutura de mais diversas
naturezas
Em Economia (especificamente na
Economia Política), o país é uma unidade geográfica que reúne, povo, elite,
Estado, História e outros aspectos fundamentais da sociedade. O Brasil, por
exemplo, integra um sistema econômico mundial, seja diretamente com relações
com mais de uma centena de países, bilateralmente, ou por meio de instituições
internacionais – Organização Mundial do Comércio, OMC, por exemplo (ver https://pt.wikipedia.org/wiki/Organiza%C3%A7%C3%A3o_Mundial_do_Com%C3%A9rcio).
Essas relações do Brasil com os
demais países se dão pelos interesses de todos os integrantes do sistema
mundial de obter bens, serviços e capitais para suprir necessidades de consumo,
de investimento e de ações governamentais que não podem ser obtidas por seus
habitantes, se contarem apenas com suas habilidades e os recursos de seu
território.
Quanto à venda e à compra de bens,
há que se distinguir as grandes diferenças, muito discutidas em décadas, quando
se distribuem os países em “desenvolvidos”, “subdesenvolvidos” e “emergentes”.
Trata-se de atentar para o fato de
que os primeiros, os “desenvolvidos”, constituíram sua estrutura produtiva
explorando os recursos naturais das colônias, desenvolvendo, nesse processo,
seu aparelho industrial e seu sistema de produção de conhecimentos básicos e
tecnologias avançadas.
O segundo grupo de países, os
“subdesenvolvidos”, além de verem explorados os recursos de seu território,
tornavam-se, até por isso mesmo, incapazes de investir em infraestrutura e na
elevação do padrão de educação e de saúde de sua população, fazendo com que esta
pudesse atingir a habilidade para produção industrial e de serviços de alta
tecnologia. Com esta produção realizada por uma sociedade detentora de mais
conhecimento e tecnologia, seria possível não somente exportar recursos
naturais, mas fazê-lo somente após seu processamento com agregação de valor que
significasse mais emprego e renda de seus habitantes, maior e mais bem
distribuída.
O terceiro grupo, o dos
“emergentes”, como indica a denominação, são os do segundo grupo que
conseguiram romper algumas barreiras que os impediam de alcançar aquele
conjunto de vantagens obtidas pelos pioneiros nas revoluções industriais e
tecnológicas e na mobilidade do capital tornado financeiro, com alta velocidade
na sua acumulação e mobilidade global.
É importante registrar, para
discussão futura, que existe uma questão séria envolvida com essas carências
apontadas, sobretudo nos países “subdesenvolvidos” e “emergentes”: a baixa
produtividade. Algumas causas estão implícitas nos parágrafos anteriores:
grandes carências de educação, pesquisa tecnológica e infraestrutura em geral.
É neste contexto que devemos situar
o Brasil: um país que conquistou avanços em certos setores industriais e
tecnológicos, mas ainda é fortemente marcado pela herança da dependência
histórica dos países que impediram o início do exercício de sua soberania.
Conceitos básicos: balanço de
pagamentos; conta corrente; e capitais
Foi observado que as relações de um
país com os demais, podem ser vistos por meio dos fluxos de mercadorias,
serviços e capitais. Abreviadamente, podemos dizer que se costuma dividir os
pagamentos (entradas e saídas, de mercadorias, serviços e capitais), em balanço
das “transações correntes” (as de mercadorias e serviços, de um lado; e os
encargos do endividamento, especialmente os juros deste decorrentes) e as
“transações de capitais”, de outro (que compreendem os capitais propriamente
ditos, como compra de títulos lançados pelas empresas e governos do país
recebedor; e os lucros, sejam os remetidos pelas empresas ao exterior, para
suas matrizes; sejam os recebidos das filiais presentes no exterior de empresas
nacionais).
Importa indicar no caso das
mercadorias e serviços, segmentos significativos para a transformação da
estrutura produtiva do Brasil: aqueles, por exemplo, que importam tecnologias
avançadas (fármacos e semicondutores); bem como investimentos externos recentes
no Brasil por montadoras de carros elétricos e plataformas digitais.
Ocorre que, em cada um desses três
grandes grupos – mercadorias, serviços e capitais – cabem distinções
importantes.
Quanto às MERCADORIAS, estas podem
ser:
a) > para
consumo das “famílias” (expressão usada em Economia para indicar renda de grupo
de familiares e não apenas a individual), como vinho de Portugal ou do Vale de
São Francisco, de Pernambuco-Brasil;
b) > para
transformação pelas indústrias nacionais, ou seja, “insumos”; e
c) > para
uso na transformação dos insumos nacionais (milho, por exemplo) ou estrangeiros
(componentes de medicamentos, por exemplo); e, neste terceiro grupo, estamos
nos referindo às máquinas, equipamentos etc., destinados às empresas e aos
Governos, que passam a constituir o “investimento bruto de cada ano”; neste
caso, “bruto” refere-se ao fato de que uma parte estará, apenas, substituindo
as parcelas depreciadas dos bens de capital já em funcionamento;
Quanto aos SERVIÇOS, podem ser
distinguidos dois grandes grupos:
a) > os
de consumo (como o desfrute das belezas naturais, da cultura, dos patrimônios
arquitetônicos e históricos etc., pelos turistas do nosso país (com sinal
positivo, pela entrada de “recursos estrangeiros), sejam os habitantes de
outros países que vêm para o nosso “consumir” nossos patrimônios turísticos).
Estes estão afetos aos consumidores individuais, ou às famílias; no balanço
entre o nosso e os demais países com os quais nos relacionamos comercialmente,
os nossos turistas com destino ao exterior contribuem com sinal negativo nos
fluxos de recursos, e os habitantes dos demais países que nos visitam
contribuem positivamente com recursos para nossa geração de empregos e renda;
b) > um
segundo grupo de serviços, também considerados “do consumo público” são os
adquiridos pelo Setor Público, ou Governos e suas entidades;
c) > um
terceiro grupo de serviços, destinados ao setor Público e às empresas
referem-se aos direitos de uso de patentes para serem utilizados no processo de
transformação de insumos.
No que se refere aos CAPITAIS, por último, os recebidos em nosso país para aumentar nossa produção e renda; infelizmente, em razão do “modo de produção hegemonicamente capitalista” de nosso país, essa renda inclui os lucros, que têm a intrínseca capacidade de se concentrar e produzir miséria e pobreza.
Deixarei para a próxima nota um
exame sintético, abrangendo os curto, médio e longo prazos, do balanço de
pagamentos brasileiros, utilizando as fontes apropriadas: o Banco Central do
Brasil (BCB), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e
análises do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
Desse
modo, as questões acima mostram que as relações do Brasil com outros países não
são apenas questão de comércio, mas de soberania, desenvolvimento e
desigualdade. Entender essas múltiplas e complexas dinâmicas é passo
fundamental para pensar o futuro.
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